sexta-feira, 24 de junho de 2011



Eu me Amo !!!!

Versos Simples

Chimarruts

Composição: Cassiane Silva / Richardson Maia



Sabe, já faz tempo
Que eu queria te falar
Das coisas que trago no peito

Saudade, já não sei se é
A palavra certa para usar
Ainda lembro do seu jeito

Não te trago ouro
Porque ele não entra no céu
E nenhuma riqueza deste mundo

Não te trago flores
Porque elas secam e caem ao chão

Te trago os meus versos simples
Mas que fiz de coração

Epitáfio

Titãs


Composição: Sérgio Britto
Devia ter amado mais
Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...

Queria ter aceitado
As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor...

Queria ter aceitado
A vida como ela é
A cada um cabe alegrias
E a tristeza que vier...

O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...(2x)

Devia ter complicado menos
Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr...

Procurei ...

Procurei respostas pra todos os meus tormentos e não encontrei
Procurei preencher os meus vazios, não consegui, encontrei foi mais vazio.
Procurei por tudo e em todos os lugares possíveis a mim, não encontrei nada nem ninguém que pudesse responder as minhas perguntas
Descobri que não havia o que procurar, nem o que responder, pois não havia perguntas ...Então me encontrei....

Juuh...

terça-feira, 21 de junho de 2011

Eu aprendi ....

Eu aprendi


Eu aprendi
que a melhor sala de aula do mundo está aos pés
de uma pessoa mais velha;

Eu aprendi
que ter uma criança adormecida nos braços
é um dos momentos mais pacíficos do mundo;

Eu aprendi
que ser gentil é mais importante do que estar certo;

Eu aprendi
que nunca se deve negar um presente a uma criança;

Eu aprendi
que eu sempre posso fazer uma prece por alguém
quando não tenho a força para ajudá-lo de alguma outra forma;

Eu aprendi
que não importa quanta seriedade a vida exija de você,
cada um de nós precisa de um amigo brincalhão para se divertir junto;

Eu aprendi
que algumas vezes tudo o que precisamos é de uma mão para segurar
e um coração para nos entender;

Eu aprendi
que os passeios simples com meu pai em volta do quarteirão
nas noites de verão quando eu era criança fizeram maravilhas
para mim quando me tornei adulto;

Eu aprendi
que deveríamos ser gratos a Deus por não nos dar tudo que lhe pedimos;

Eu aprendi
que dinheiro não compra "classe";

Eu aprendi
que são os pequenos acontecimentos diários que tornam a vida espetacular;

Eu aprendi
que debaixo da "casca grossa" existe uma pessoa
que deseja ser apreciada, compreendida e amada;

Eu aprendi
que Deus não fez tudo num só dia; o que me faz pensar que eu possa ?

Eu aprendi
que ignorar os fatos não os altera;

Eu aprendi
que quando você planeja se nivelar com alguém,
apenas esta permitindo que essa pessoa continue a magoar você;

Eu aprendi
que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas;

Eu aprendi
que a maneira mais facil para eu crescer como pessoa
é me cercar de gente mais inteligente do que eu;

Eu aprendi
que cada pessoa que a gente conhece deve ser saudada com um sorriso;

Eu aprendi
que ninguem é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa;

Eu aprendi
que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;

Eu aprendi
que as oportunidades nunca são perdidas;
alguém vai aproveitar as que você perdeu.

Eu aprendi
que quando o ancoradouro se torna amargo
a felicidade vai aportar em outro lugar;

Eu aprendi
que devemos sempre ter palavras doces e gentis
pois amanhã talvez tenhamos que engolí-las;

Eu aprendi
que um sorriso é a maneira mais barata de melhorar sua aparência;

Eu aprendi
que não posso escolher como me sinto,
mas posso escolher o que fazer a respeito;

Eu aprendi
que todos querem viver no topo da montanha,
mas toda felicidade e crescimento ocorre quando você esta escalando-a;

Eu aprendi
que só se deve dar conselho em duas ocasiões:
quando é pedido ou quando é caso de vida ou morte;

Eu aprendi
Que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer.

William Shakespeare
DE MIM ME PERDI

Não sei mais quem sou
perdi-me às avessas
só estou bem onde não estou
a viver de promessas.

Se me digo de mim não sei
tudo se escureceu
a mim próprio enjeitei
e o céu se obscureceu.

Procuro uma mão amiga
um amor enaltecido
ou alguém que me diga
porque me sinto perdido.

Nas ruas sem fim me perdi
ando a contrapasso
o que fui já me esqueci
e vivo neste embaraço.

Dei de mim o que não tinha
fui o que não podia ser
esta vida não é a minha
sou um mero parecer.

Escrevo à sombra de mim
e nas eras do que já fui
não achei princípio nem fim
sou como um mar que influi.

Certezas não as tenho
a nada me proponho
e eu que não sei ao que venho
a nada me disponho.

Meus versos são inversos
são mera apreciação
dúbios e controversos
são pura contradição.

Jorge Humberto

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Texto para a aula de Sociologia !!!


 Inversão de valores

 Há alguns anos atrás ser gay era visto como crime, aberração, entre outras coisas, os valores e conceitos eram outros,o certo e errado foram nos passados pelos nossos pais, que receberam de seus pais tais ensinamentos

Hoje esse conceito de certo e errado já não é mais válido, pois os valores se inverteram, nos ensinaram que sexo, só depois do casamento, que homem é homem e casa-se com mulher, que filhos precisam ter pai e mãe, que sexo é amor e precisa ser feito com amor e com quem se ama entre outros ensinamentos...
Hoje vivemos em um mundo totalmente invertido, a TV vem tentando com sucesso implantar nas mentes das pessoas essa inversão de valores, de que tudo é normal, que sexo se faz com qualquer pessoa e em qualquer lugar, que existe um terceiro sexo, que gay nasce gay, nossa geração tem sido bombardeada por tais coisas.
E nós que não concordamos com isso somos taxados de preconceituosos e antiquados por não concordarmos com tais práticas, com o risco de ainda sermos preso, a inversão de valores é tão grande que essa lei da homo fobia beneficia uma minoria “os gays” mais que qualquer outra minoria tipo leis para aposentados, idosos, deficientes, professores, crianças,etc.Esses grupos sim precisam e merecem uma lei que os beneficie.
Se crermos que gay não é opção sexual, que não é doença, nem distúrbio de personalidade e sim que gay nasce gay.
Passaremos a crer então que macaco pode voar. Biblicamente Deus fez homem e mulher, ou seja Adão e Eva que formaram a primeira união que conhecemos “homem e mulher” , se existisse o tal terceiro sexo, Deus o teria feito na criação, seria então Adão e Adão, Eva e Eva, mas não foi assim que ele fez.
Como pode nascer um homem com cabeça feminina “impossível”  repetindo Deus fez homem e mulher e não aberrações.
Se pode nascer então um gay, um homem com terceiro sexo,vamos acreditar então que pode nascer um homem com cabeça de cachorro, e por isso age como cachorro, late, anda de quatro, come ração etc. Nesse casso diríamos o que ?
Esse é um casso para a psicologia, ele está com transtorno mental, deve ser tratado e voltar agir como homem. E por que não dizer o mesmo de um gay que diz ter nascido no corpo errado, se Deus não fez o terceiro sexo, e existe pessoa que diz tê-lo, isso só pode ser um transtorno mental. Certo ?
O problema maior que a inversão é tão grande que nós heteros “supostos normais” estamos passando de normais a aberração, pois o agora o certo não é ser nem hetero, nem homo, o certo é ser bissexual, ou seja aceita-se tudo, e nós os heteros é que vamos ser taxados de minoria preconceituosa e vamos sofrer preconceito e descriminação isso é ou não é uma inversão de valores?

Nós heteros em maioria não descriminamos os gays, pois sabemos que somos iguais perante Deus e as leis, apenas não concordamos com suas práticas, por acreditarmos serem práticas pecaminosas e contrarias a natureza humana. Enfim gay são pessoas normais, que precisam de tratamento adequado para voltarem a realidade a que nasceram ...

Juuh

sábado, 11 de junho de 2011

Saudade!!

O que definimos ser saudade ?
Sentimos saudade de tudo; ao longo da vida muitas coisas nos trazem saudade,
Um cheiro, um lugar, uma pessoa, uma roupa, uma comida, uma foto.
Tudo gera em nós uma lembrança e dela “a lembrança” surge a saudade, as vezes com tristeza, outras com alegria, cada pessoa fato ou coisas, deixam em nós marcas que com saudade carregaremos para a vida toda.

E o que dizer da saudade de coisas que não vivemos, que não aconteceram ?
Platão diz que a nossa alma lembra de coisas que vivemos no mundo das idéias ou mundo perfeito, e por isso temos recordações de coisas, fatos que não vivemos, é curioso acreditarmos no que Platão diz, pois realmente temos a sensação de já termos vivido algo parecido, e temos a nítida impressão de que está se repetindo. O que ele chama de Déjá vu.

O curioso mesmo é que as vezes sentimos falta de coisas que realmente não aconteceram, mas que no fundo sabemos que ia acontecer, mas que por um medo ou descaso nosso não aconteceram, sentimos saudade da voz que não escutamos, do carinho que não recebemos, da presença que não temos.
Enfim .... Sentimos saudade de nós mesmo, ou de algo que já mais saberemos definir o que é
Só podemos afirmar que sentimos saudade .... Saudade !!!

Juuh!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Um novo recomeço !!

Sem sentido!!

Estive lendo o meu livro,
Quantas páginas em branco eu encontrei,
Algumas rabiscadas superficialmente,
Outras com letras ilegíveis,
Não entendi, não consegui juntar,
Pois era como juntar cacos,
Nada encaixava, nada fazia sentido pra mim,
Foi então que decidi reescrever o livro,
Decidi recomeçar, rasguei o livro velho
Com suas páginas amareladas e mal escritas
Decidi escrever uma nova história,
Mas essa nova história ainda não faz sentido
Algum pra mim

Juuh !!

quinta-feira, 9 de junho de 2011


 Por que sinto falta de você? Por que esta saudade?
Eu não te vejo mas imagino suas expressões, sua voz teu cheiro...
Machado de Assis
Saudade!!
"Estou com saudade de mim. Ando pouco recolhida, atendendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. Onde está eu?
Preciso fazer um retiro espiritual e encontrar-me enfim -enfim, mas que medo - de mim mesma."

Clarice Lispector

Saudade !!


Também temos saudade do que não existiu, e dói bastante.
  Carlos Drummond de Andrade

O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo...
Mário Quintana



Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo.
 
Karl Marx

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ventos ...


Ventos que mudam o tempo, o clima, a temperatura.
Ventos que mudam praias de lugares, carregam areias, que mudam as ondas, que mudam os rumos de navios, que carregam tudo, que varre lugares. Ventos.. Ventos que sopram em nossos ouvidos, que acariciam nossos rostos. Ventos... Ventos que nos trazem de volta a lembrança do que se foi e a carrega de volta. Ventos que mudam nossos destinos, que mexem com a nossa vida.
Ventos que modificam o rumo de nossa história. Ventos ... Simplesmente ventos 

Juliana ...

Amar ...

Aristóteles 


Amar é o sentimento dos seres imperfeitos,posto que a função do amor é levar o ser humano a perfeição

domingo, 5 de junho de 2011

Renda-se como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece, como eu mergulhei. Pergunte, sem querer a resposta, como estou perguntando. Não se preocupe em "entender". Viver ultrapassa todo o entendimento.
Clarice Lispector

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar.

Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

O tempo é que me observa......

 Sonhe com o que você quiser. Vá para onde você queira ir.
Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida
e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades
para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E
esperança suficiente para fazê-la feliz."
(Clarice Lispector)

Onde estão os originais ??

Ah!! A liberdade, como seria bom se ela realmente existisse, se fossemos mesmos homens inteiramente livres.
Teve fim a escravidão, onde se aprisionava o corpo, sugava-se toda a força física que um homem podia ter .
Com o fim de uma escravidão deu-se inicio outra maior e muito mais forte e destrutiva que a primeira, pois está é silenciosa, veio devagar oprimindo aos poucos, mudando comportamentos, atitudes, tudo o que somos ou pensamos ser, nos é imposto por alguém, o mundo tornou-se escravo da mídia, da moda, da política, da marginalidade. Escravos que servem ao seu dono sem questionar e ainda pensam ser livres, quando no entanto estão presos a um modo de vida que lhe foi dado pronto imposto, andam como cegos batendo cabeças, homens e mulheres inteiramente iguais, vivendo como copias uma das outras.
Quando estas copias conseguem enxergar um original, autêntico, vivendo de maneira espontânea e simples é como se vissem uma aberração, um ET, um louco desequilibrado, porque viram um individuo vivendo fora do grupo.
Pois copias vivem em grupo, seguem o grupo, não pensam, simplesmente obedecem tudo o que lhe imposto como sendo o certo.
Indivíduos originais são aqueles que sonham e lutam por seus sonhos e por si, e mesmo que preso nessa sociedade grupal ele enxerga além dessas grades, além das montanhas, além do céu, ele vê onde pode chegar, e sabe que seus pés são pequenos mais eles podem ir longe, podem ir onde ninguém imaginaria que fossem, sua mente é livre, isso torna seu viver livre.
Indivíduos não seguem a multidão, não vão onde a massa os leva, indivíduos caçam seus sonhos como um leão caça sua presa
Mas onde encontrar tais indivíduos, se vivemos em uma sociedade grupal?
Onde procurar ? Onde achar alguém que seja original ?

Juliana Camillo
 

A dúvida Hiperbólica


  As meditações cartesianas e o nascimento da subjetividade moderna
                                                                        por Miguel Duclós 

    Esse texto procura analisar o modo como Descartes formulou o problema da dúvida hiperbólica na primeira meditação e provou como a alma é mais fácil de conhecer do que o corpo, dando início assim ao nascimento do sujeito moderno, e gerando a semente do idealismo radical e solipsista.
    O texto está ambientado no final do Renascimento, e o autor, como Bacon, procurava formular a base sólida e metódica da ciência moderna, mais enxuta e prática do que a medieval, esta baseada principalmente em Aristóteles. O Renascimento é geralmente considerado um período de transição entre a Idade Média e a Idade Moderna; sendo assim, os autores desse período não teriam características completas de nenhuma dessas idades. No entanto, a esse tempo pertencem autores do porte de More, Erasmo, Maquiavel e outros humanistas, cientistas como Galileu e Copérnico, artistas até hoje colocados entre os melhores do mundo (principalmente os italianos e os irmãos Van Eyck, que revolucionaram a pintura com a técnica a  óleo), e por isso alguns estudiosos modernos resolveram interpretar o pensamento renascentista como um sistema  completo e estruturado.
    O racionalismo nessa época não era tão exacerbado, apesar de a razão já ter sido considerada o principal instrumento para conhecer o mundo. O universo era considerado, segundo o conceito de Semelhança, como um todo harmônico, cuja harmonia era feita por seres que se relacionam por amizade e ódio. Essas relações são a própria causa da compreensão de uma coisa por outra, de fato, devido a esse sentimento de totalidade, uma coisa é signo de outra.
    Não pretendo entrar em detalhes de como estavam divididas as atividades do saber, a filosofia natural, a magia e a alquimia. Muitas correntes estavam em desacordo com outras, e o pensamento avançava, às vezes contraditório, às vezes indo contra a estrutura social retaliadora e centenária, em busca de um conhecimento não mais cíclico teocêntrico, mas sim de domínio sobre a natureza, da virtú contra a fortuna, antropocentrado, buscando conhecer o mundo ao redor através de leis comprovadas pela razão. Deus, nesse momento, é conhecido pela teologia, o cosmos pela astrologia, e o poder pela filosofia política, cujo maior exemplo é  Maquiavel. O princípio arcano (arché= início, primórdio) é então dado como secreto e incognoscível. Giordano Bruno refuta a divisão do mundo como terreno (humano) e celeste (divino), e o declara infinito. Assim, todo o lugar é centro, e nenhum lugar é circunferência. Pagou preço caro por isso. A frase Sapere audi (Ousa saber) exemplifica bem a busca ousada por respostas novas.
    A razão e a fé são campos diferentes de busca. Estiveram misturadas na teologia escolástica, mas Descartes declara, em seu Discurso do método para bem conduzir a própria razão e procurar a verdade nas ciências, que as verdades divinas estão além dos raciocínios comuns, e é necessário assistência divina e mesmo ser mais que um simples homem para ter acesso à revelação. É nessa primeira parte do discurso do método que Descartes explicita seu descontentamento com a forma como eram conduzidos a ciência e a filosofia pelos doutos senhores de Academias e escolásticos. A atividade social era muito importante para ser considerado digno. Muitas vezes, uma pessoa já conseguia a glória independente de sua personalidade ou valor pessoal, mas sim por ocupar certo cargo importante.
    Mas vamos entender melhor as críticas às teorias aristotélicas. Aristóteles havia definido dez tipos de substâncias diferentes (qualidade, quantidade, relação, tempo, posse, lugar, ação, paixão, etc.). Uma substância é aquilo que existe em si e por si, sem depender de outra coisa. Todo o resto são os modos ou atributos das substâncias. A física aristotélica estudava o movimento, sendo movimento entendido como qualquer alteração. Tudo o que é matéria se move, pois é imperfeito, e está sujeito ao devir. O imperfeito aspira à perfeição, e o perfeito não muda. Para Aristóteles, só Deus não mudava. Seu Deus era assim, imóvel para si mesmo, causa primeira de tudo, não deseja nada, pois nada lhe falta. Os corpos podem ser pesados e leves, e são animados por um movimento eterno. A principal virtude é a amizade. Os seres se modificam segundo regras fixas, estabelecidas pela causa final (aquela da finalidade da mudança de um corpo). A inteligência (entelechia) se move em direção a um fim. No aristotelismo, as causas podem ser:
    1.material
    2.formal
    3.eficiente
    4.final
    Com o surgimento da nova física moderna, de Kepler, Copérnico e Galileu, o aristotelismo cai por terra, com a prova de que é a Terra que gira em torno do Sol, e não o contrário.
    Apenas a causa eficiente vai permanecer na filosofia moderna, e se tornar a lei da causalidade. Na causa eficiente deve haver tanta ou mais realidade que o efeito (conforme explicado por Descartes no início da 3ª meditação), e causa e o efeito devem ser da mesma natureza. E Descartes vai declarar viva apenas três substâncias: a extensa, o pensamento, e a divina.
    Com toda essa reviravolta no que até então era considerado certo, e que servia de base para a educação do europeu, Descartes resolve abandonar esse ensino, e procurar a verdade no Grande Livro do Mundo. Depois de duvidar de tudo que tinha aprendido, encontrava-se nas trevas, sozinho. Ele precisava de um método para recomeçar a construir o caminho do conhecimento, ou pelo menos as bases dele. O método dá origem a um  problema fundamental da filosofia moderna: o sujeito do conhecimento. Esse sujeito serve para controlar a razão nos ditames do conhecimento. A base de toda descoberta é um axioma tirado por intuição intelectual, mas para ir além dele se deve usar da dedução. A corrente dedutiva leva em conta a ordem das razões, isto é, a ordem como as coisas se apresentam ao entendimento em seus graus de simplicidade, e não a ordem das matérias, ou a ordem das coisas nelas mesmas. Para Descartes, o mais simples era o mais absoluto, por ser o mais universal. Até a modernidade, o objeto era considerado com características que deveriam imprimir no sujeito o conhecimento verdadeiro. Com Descartes, o sujeito deve buscar, através da razão, melhorar suas características para buscar o conhecimento verdadeiro. O método para se conduzir a razão está ligado à arte (ars), que como técnica, se opõe ao acaso. Deve ter regras simples e universais, e com o menor número de regras descobrir o maior número de coisas. Descartes tira da certeza da geometria, a noção de que é preciso um procedimento para conhecer. Daí a importância fundamental da ordem e da medida. O pensamento contínuo deve buscar uma proporção contínua, e ir aumentando gradualmente seu saber. Mas para não recorrer em erro, é preciso que se entenda ser o método necessário para a busca da verdade. A razão precisa de auxílio, e de disciplina. Uma das regras é a da enumeração. Os passos da cadeia de pensamentos devem ser repetidos várias vezes, até se aproximarem da certeza da dedução. O entendimento é o único capaz de conhecer, mas é auxiliado nessa tarefa pela memória e imaginação.
    Para começar um conhecimento sólido e seguro, claro e distinto, devemos livrar nossas mentes das falsas certezas. Daí ser necessária a dúvida metódica e a meditação. O ato de meditar é um recolher-se em si mesmo, onde são passadas a limpo nossas próprias falhas, recapitulando noções marcantes, se afastando assim dos vícios corporais e buscando elevar a alma. O ato de duvidar não é à toa, mas vem por razões maduramente  consideradas, tanto que Descartes só o fez quando já tinha esperado tanto a hora certa, que não mais poderia fazer novamente. A dúvida cartesiana não é cética, pois o cético não acredita ser o homem capaz de ver qualquer verdade. Antes disso, a dúvida é um instrumento epistemológico, um recurso que o sujeito do conhecimento tem a seu dispor.
    O que é duvidoso é aquilo a respeito do qual eu posso perguntar ser de uma maneira diferente. Ou seja,  pode ser considerado possível ilusão aquilo que é inseguro. Todo o processo passível de dúvida gera uma série de conhecimentos  que estão na alçada da dúvida. A dúvida não é idiossincrática,  mas trata dos alicerces e bases do conhecimento. A primeira meditação é conhecida como a da dúvida hiperbólica, exagerada. A primeira dúvida é a dos sentidos. Os sentidos algumas vezes são enganosos. Para validar a dúvida dos sentidos, Descartes retoma o argumento dos sonho. Não sabe se está sonhando ou acordado. Afinal estou aqui nesta cadeira, mas muitas vezes tive impressão de algo com aparência semelhante quando estava sonhando. Ou seja, você é iludido durante o sonho achando que está acordado. Daí a importância fundamental de se perceber estar em um sonho e a começar a explorar o espaço-éter. Como todos sonham, o argumento do sonho é válido, e o meditante não está louco, como os mendigos que juram estar cobertos por ouro.
    O sexto parágrafo apresenta a comparação muito interessante entre a pintura e os sonhos. Diz nosso autor que os sonhos são como quadros e pinturas, e não podem ser formados senão à semelhança de algo real e verdadeiro. Os pintores usam de todo o artifício para fazer uma forma inteiramente nova, mas tudo o que conseguem é combinar  misturar.  A palavra artifício significa justamente isso, combinar e compor com o que já existe na natureza. A palavra facio está ligada a factum (feito) e fictum, essa última ligada a fingio ligada a ficio. O artista, através de sua técnica, cria uma ficção, uma quimera (chimaera), como no caso de sátiros e  sereias. É  a combinação heterogênea de uma coisa por outras coisas, é só pode ser entendida como representação, muitas vezes só pode ser dita e não pensada. A dúvida encontra seu limite nos sétimo e oitavo parágrafos. Não é permitido duvidar das naturezas simples das percepções, como o espaço e o tempo, figura, etc. A geometria e aritmética, que trata de coisas simples e universais não estão sujeitas a dúvidas. Para resolver esse impasse, Descartes diz ter a opinião (não certeza ainda na 1ª meditação) de que existe um Deus e levanta a possibilidade de ser Ele  enganador: "Ora, quem me poderá assegurar que esse Deus não tenha feito com que não haja nenhuma terra, nenhum céu, nenhum corpo extenso, nenhuma figura, nenhuma grandeza, nenhum lugar, e que, não obstante, eu tenha os sentimentos de todas essas coisas e que tudo isso não me pareça existir de maneira diferente da que vejo?". Tal Deus é considerado bom pelos cristãos, mas mesmo assim permite que certas vezes se engane, de tal forma que  é possível pensar que talvez se engane nas coisas mais simples possíveis. Esse argumento não é novo, já o encontramos antes em alguns céticos, como Guilherme de Ockan. Se sou o efeito de uma causa divina, como poderia me enganar? Pois causa e efeito tem de ser da mesma natureza, segundo a causa eficiente. Ockam se insurgiu contra o tomismo, onde Deus cria as coisas que já estavam no seu intelecto por liberdade (contingência), ato de sua infinita vontade. Para Ockam não existe essência universal, pois o universal é abstração do singular. Esse Deus seria onipotente, e por isso cria o princípio da identidade e da não contradição. Mas se faz isso porque  quer, nada o impede de criar outras coisas, como a contradição. Deus cria o singular e não o universal. Antes se sermos o todo, somos sujeitos percebendo e significando o mundo de maneira única. A explicação para não estar tudo ligado, seria o fato de que Deus pode aniquilar qualquer singular, sem afetar o geral. Aniquilar significa fazer voltar ao nada.
    Descartes fala que se  algumas pessoas não acreditarem em um ser tão onipotente assim, devem considerar que enganar é imperfeição, e quanto menos poderoso Deus for,  mais chance terá de me enganar. As pessoas atribuíram "ter eu chegado ao estado e ao ser que possuo" :
    1. a algum destino ou fatalidade. Esta é uma perspectiva histórica da filosofia , a noção de que as coisas se ligam assim é pertencente aos estóicos, e combatidas no século XVII. Cada coisa, para os estóicos, seria regida por leis naturais e necessárias, pois fazem parte da chama divina e universal. Nossa causa não é livre, mas determinada por outras. A palavra fatalidade vem de factum, que significa fado.
    2. ao acaso: posição dos epicuristas, que diziam ser o mundo formado por átomos que se conectam e desconectam ao acaso.
    3. por conexão das coisas, ou seja, a potência ordenada de Deus.
    Continuando com a suposição de que Deus cria singulares, e não universais, quem poderá garantir que o que se vê é o que existe? Afinal, não há ordem universal.
    Por prudência, Descartes resolve desconfiar da existência de um Deus assim. A prudência é uma das virtudes clássicas, e está ligada à moral. Descartes formula nesse trecho uma moral provisória.
    No parágrafo onze, Descartes fala da necessidade de lembrar dos resultados de sua meditação. Pois pelo costume crenças e opiniões familiares ganharam um direito sobre ele, o de ocupar seu espírito. É apresentado o risco da heteronomia de pensamento, ao invés de uma autonomia. Para escapar disso, é necessário recordar os resultados da dúvida. O recordar é um lembrar voluntário, um esforço da mente. Já a força do costume, o hábito, é uma segunda natureza, mais falsa que a primeira. Descartes prefere, ao invés dessa heteronomia, um auto-engano que utilizará até seu pré-juízo se transformar em juízo. A meditação, por ser espiritual,  tomou um rumo que diferia muito da vida prática, e agora essa vida trata de cobrar suas dívidas. Nesse ponto, é feita distinção entre agir e conhecer. A auto-enganação tem a função de fazer assombroso espectro do Deus enganador se tornar uma hipótese, mudando assim de estatura, passar de opinião forte a vaga hipótese. Fica explícito então  o poderio da vontade do sujeito.
    A nova hipótese é o gênio maligno, também ardiloso e enganador, um diabrete que influi em nossas sensações, enganando-nos. A diferença entre o Deus Enganador e o gênio maligno é que um age no espírito, e o outro no corpo. Mas Descartes desconfia do seu corpo, das sensações. Nada existe e o corpo também não, assim o gênio maligno também perde importância.
    Descartes termina a primeira meditação demonstrando preguiça, um dos sete pecados capitais. É como um escravo que pensa ser livre. Com a meditação interrompeu-se o fluxo das coisas ilusórias, e hipóteses assustadoras foram levantadas na mente do meditante. Mas a segunda natureza soterra esse movimento de interiorização de busca da primeira natureza. Isso lembra os prisioneiros da caverna de Platão, que acreditavam serem livres e estarem vendo tudo o que existe, e um deles se solta em busca da luz, simbolizada pelo Sol. É no Fédon que Platão diz que a luz divina se transforma em matéria sem luz. Para os cristãos, Deus é a luz e a alma pode receber essa luz (lux-luz , lumem-objeto iluminado), que pode ser natural (razão) ou supranatural, concedida pela graça divina (fé). Já para os neoplatônicos, o Uno (incognoscível e eterno), emana luz,  o intelecto, da onde saí o inteligível, que emana as coisas. É de se notar que a primeira meditação termina de forma a exigir a segunda.
    A afirmação de que o espírito é mais fácil de conhecer do que o corpo foi escandalosa no ponto de vista da tradição filosófica. Essa afirmação inaugura a filosofia moderna. Na tradição filosófica, o espírito era mais digno, mas não mais fácil de se conhecer do que o corpo. A 2ª meditação começa com uma recapitulação da anterior, e  passa para um sentimento de angústia. Descartes diz não ser mais capaz de esquecer as dúvidas a que chegara no dia anterior, e se sente como em um abismo. Nesse ponto, há uma parada: ou a nova ciência surgirá, ou o ceticismo estará justificado.
    Descartes faz uma analogia entre si  próprio e Arquimedes. Arquimedes precisava apenas de um ponto fixo, para que, usando a alavanca, conseguisse mover o mundo de lugar. Descartes procura ao menos uma verdade que seja certa e indubitável. Com a geometrização do espaço e a infinitização do universo, havíamos perdido o centro. Descartes procurava um ponto fixo, ou seja, uma base sólida onde pudesse erguer seu palácio do conhecimento. Pergunta Descartes: "O que poderá, pois, ser considerado verdadeiro? Talvez nenhuma outra coisa a não ser que não há nada de certo". Descartes começa a hesitar, coisa que antes não havia acontecido. Nesse recurso literário, expõe sua dúvida sobre se depender ou não do corpo para existir. Porém, a brecha é aberta, quando ele descobre que para receber a ação do Deus Enganador, precisa ser. Ele não pode deixar de ser enquanto receber a ação do Deus Enganador. Essa é uma primeira afirmação verdadeira: "Eu sou, existo". Ela é verdadeira toda a vez que a concebo em meu espírito. Ou seja, a frase é verdadeira em um sentido atual,  não potencial. Ele ainda não demonstrou nada além disso, e deve ter cuidado para não atribuir ao ser outra coisa que não ele mesmo.  Assim, para conservar a primeira evidência, é preciso atenção.
    Conhecer está ligado a perceber, que está ligado a ver. Esse ver pode ser com os olhos do corpo e com os olhos do espírito.  Com os olhos do espírito eu tenho uma intuição intelectual, vejo com certeza, entendo, vejo a coisa na sua totalidade. A mathema acreditava que o espírito podia apreender de uma só vez o objeto em sua inteireza. E quando se vê completamente, se tem a evidência. Já a atenção é a atividade intelectual que busca a evidência, a afirmação de que só conhecemos o que é claro e distinto, e a exigência de que devemos começar por coisas mais simples. Para o juízo não cair em erro, é necessário a atenção. Mas o que é esse "eu que existe"?  Esta é uma indagação metafísica. Descartes refuta a concepção clássica de homem por Aristóteles e os tomistas, a de que o homem é um animal racional. Pois perguntando-se o que é racional, cairia-se em questões mais complicadas  e indesejáveis no momento.
    A primeira evidência veio enquanto o meditante estava pensando, e se torna verdadeira toda vez que em um ato atual, ele a concebe em seu espírito. As coisas vieram conforme as ordens do pensamento, e ele foi quem deu a medida. Descartes diz- e aí ele volta o verbo ao passado- que considerava o corpo uma máquina composta de ossos e carne. A alma seria feita de éter, um corpo sutil, rarefeito, algo como um vento ou uma flâmula tênue. Para Platão,  alma podia ser temperante (desejos), irascível (coração) e racional. Para os estóicos, era um sopro sutil. Para Aristóteles, há quatro almas: vegetativa, locomotiva, sensitiva e intelectiva.  Descartes fica com o quarto tipo de alma, o pensamento. O pensamento é, para Descartes, ao mesmo tempo alma e espírito. Sob a mira do Ser ardiloso e poderoso que emprega todas a sua indústria a enganar, Descartes diz não poder estar tão certo da natureza das coisas corpóreas. Depois de falar o que não pertence ao seu ser, Descartes dá a  resposta  para a pergunta "o que sou?", que é:  "uma coisa que pensa" (res cogitans). E uma coisa que pensa é uma coisa que concebe, que duvida, que afirma, nega, quer, imagina e que sente.
    Nesse ponto interromperei a exposição pois já atingi o objetivo proposto. A certeza do Cogito cartesiano inaugura o sujeito moderno, dando importância fundamental ao ser que pensa, em oposição a um Deus que pode enganar-me. A força do pensamento subjetivo é tal que Descartes chega a duvidar que as pessoas que ele vê andando vestidas na rua não sejam autômatos movidos por mola. Tal afirmação tem um tom solipsista. Foi exposto também como é problematizado o sujeito do conhecimento, que com ordem e medida, procura conhecer as coisas em sua inteireza. Descartes falará então das outras duas substâncias, a extensa, onde se tornou famoso seu exemplo da cera que muda muito mas não deixa de ser extensa, e a divina. Tentará provar que  Deus existe e não é mal, mas pelo contrário, ajuda a transpor o abismo entre o sujeito e o objeto.
 

  Pensamentos ! Então Elias saiu de lá e encontrou Eliseu, filho de Safate. Ele estava arando com doze parelhas de bois e conduzindo a décim...