Medo!
Na visão aristotélica, o medo
seria a base da coragem, já que a coragem provém do medo, sendo o medo uma
expectativa do mal, a solução para o medo para ele seria encontrar o equilíbrio
a justa medida, meio termo.
Sartre: Todos os homens têm medo. Quem não tem medo não é
normal; isso nada tem a ver com a coragem.
Epicuro apresentou
o medo como uma das grandes causas de sofrimento humano: medo dos deuses, medo
da morte, medo da dor, medo de dificuldades e privações. Ele considerava que
esses medos eram fundamentados em opiniões falsas, e propunha o conhecimento de
si e do universo como caminho para a imperturbabilidade humana.
O filósofo Espinosa apontava que a maioria das superstições
inventadas por cada um de nós vem de um inconfessável medo “místico”, de um
insondável “castigo divino”, que faz com que repitamos rituais absurdos apenas
para não “alterar a ordem das coisas”, é como imaginarmos que se não for
executada determinada “mania”, o céu nos castigará.
Às vezes o medo é um instrumento do Estado, dos poderosos que
o controlam. Todas as ditaduras, todas as tiranias, sem exceção, se utilizaram
do medo como arma de sustentação política, como justificativa para subtrair
direitos e liberdades de seus cidadãos e para realizar ações injustas.
Nietzsche, o grande filósofo alemão dizia:
“Digo que os
alemães tiveram de recorrer aos meios mais atrozes para lograrem uma memória,
que os fizesse senhores dos seus instintos fundamentais, dos seus instintos
plebeus e animalistas. Recordem-se os antigos castigos da Alemanha, entre outros
a lapidação (já a lenda fazia cair a pedra do moinho sobre a cabeça do
criminoso), a roda (invenção germânica), o suplício da força, o esmagamento sob
os pés dos cavalos, o emprego de azeite ou do vinho para cozer o condenado
(isto ainda no século XIV e no século XV), o arrancar os peitos, o expor o
malfeitor untado de mel sob um sol ardente às picadas das moscas.” (A
Genealogia da Moral, Nietzsche).
Ou seja, o povo
alemão se tornou dócil e obediente às leis, e normas em geral, não por nobre
consciência, mas sim pelo medo da crueldade com que o Estado punia os seus
infratores.
Jung e Freud tem visões
diferentes do medo relacionando ao Ego
Há muitas crenças e origens para o medo, mais na maioria ele
seria um aliado se usado na medida correta.
Porém o que nos causa medo? O que nos tira do meio termo?
Medo da morte? Medo de doenças? Medo de não ter um bom emprego? De não amar,
não casar, não ter filhos? Medo de ser? Medo de ser só?...
Há vários medos que rondam o hoje, que martirizam pessoas,
que enclausuram pessoas dentro de uma vida pequena, vazia, porque pra muitos um
simples sair de casa, já causa medo extremo e por isso vemos tantas pessoas
viverem de forma igual, sentadas na beira da estrada, apenas veem a vida
passar, porém não fazem parte dela.
O que você tem feito? Tem olhado a vida passar a beira do
caminho, ou tem estado no caminho? H.D Thoreau faz uma pergunta que achei
extremamente importante para saber se esta vivendo ou não, Não basta estar
ocupado. A pergunta é: Está ocupado com o que? Sendo assim o que tem feito?
Camus diz: que somos uma probabilidade e somos responsáveis dessa
probabilidade que a vida é uma soma de nossas escolhas. Então se estamos escolhendo,
ocupadas com algo, sendo uma probabilidade de coisas infinitas então diríamos que
estamos vivos.
O medo é sim importante a vida, porém ele há paralisa, torna
pessoas meramente vegetais, ou seja comem, bebem, fazem suas necessidades a
vida, porém não existem pois não pensam. Descartes diz: penso logo existo.
Então para existir preciso pensar e se penso não paraliso pelo medo.
A parte interessante do medo, é que ele nos coloca em
conflito com nossos ideais, nossas escolhas, e Nietsche diz que: Só há alegria
no conflito. Sem conflito sem vida.
Segundo Nietsche a ideia de
futuro tira o homem do devir (tempo) e do conflito que a vida é tanto quando a
ideia de um mundo depois da morte. E que é a morte que torna a vida inédita.
Por que então por medo de
morrer, deixamos a vida passar em branco, se ela, a vida é mortal, acaba, se
temos consciência de que vamos morrer, porque então não vivemos? Porque é mais
fácil deixar a vida passar e ficar a esperar uma vida depois da morte, essa é
desculpa de muitos para não viverem aqui.
H.D.Thoreau diz: Quero
viver profundamente e sugar a vida até a medula, viver com todo vigor e de
forma tão espartana que eliminasse tudo o que não fosse vida.
Sendo assim o medo não é
vida, devemos eliminá-lo e sugar a vida enquanto ela existe. Enquanto estamos
aqui, enquanto estamos no devir, no tempo.
Que sejamos novamente
crianças, sem medo de voar sem assas, de andar sem forças, sem medo de cair, de
fraquejar, que possamos assim como crianças olhar a vida com simplicidade. Que vida
mostre que é única que se não viver hoje, pode-se não estar vivo amanhã.
Senhor ninguém: Não tenho
medo de morrer. Tenho medo de não ter me sentido vivo o bastante.
Juliana