— Eu não sabia, Senhor, que o mundo era tão vasto e doloroso.
E que desejando a vastidão do mundo meu coração conheceria também a vastidão da dor. Por que, Senhor Meu, permitiste que eu tentasse fugir da minha pequenez?
Por que me deste todos esses sonhos, muito maiores do que eu?
Caio F Abreu
sábado, 19 de novembro de 2011
[...] "E que você sinta vontade de precisar de mim. Mas não só quando houver necessidade, que você sinta isso mesmo tendo passado um dia inteiro comigo, que não veja e nem sinta as horas passando quando estiver ao meu lado, e que nunca seja o suficiente o tempo que passarmos juntos, que você sempre sinta vontade de mais, mais e mais."
(Tati B.)
(Tati B.)
segunda-feira, 14 de novembro de 2011
Tô aqui aprendendo que nem todos dão valor ao que você pode oferecer, e acabar demonstrando afeto demais começa a encher o saco, e eu digo tudo isso da minha parte. Chega de ligações, preocupações, sentimentos demonstrados aos extremos. Vou ficar mais relax mesmo… não quer me ligar, não liga, mas também não ligarei. Não quer me ver, não me veja, mas também não sairei que nem doida atrás de você pra saber se a gente vai se ver, que horas é o nosso encontro, não mais !
Caio Fernando Abreu
Caio Fernando Abreu
domingo, 13 de novembro de 2011
Não é de admirar que muitas neuroses sérias surjam no início do entardecer da vida.
É uma espécie de segunda puberdade, um outro período de tempestade e tensão; não é infrequente que seja acompanhado por tempestades de paixão – a “idade crítica”.
Mas os problemas que se produzem nessa idade não podem ser resolvidos pelo velho receituário: os ponteiros do relógio não podem ser atrasados. Aquilo que o jovem encontrou – e precisa encontrar – fora de si mesmo, o homem ( e a mulher ) no entardecer da vida precisa encontrar dentro de si mesmo..................................– Jung
sábado, 12 de novembro de 2011
Trechos do livro ( Ao encontro das sombras)
A utilidade do inútil
Gary Toub
Há mais de dois mil anos, o filósofo taoísta Chang Tse escreveu várias parábolas exaltando as virtudes dos homens inúteis, feios e deformados – corcundas, aleijados e lunáticos – e das árvores nodosas, retorcidas e sem frutos. Uma dessas parábolas é a seguinte.
Shih, o carpinteiro, viajava para a província de Chi. Ao chegar a Chu Yuan , viu um carvalho ao lado do altar da vila. A árvore era grande o bastante para dar sombra a muitos milhares de bois e tinha centenas de palmos de circunferência. Elevava-se acima das colinas, com seus galhos mais baixos a mais de dois metros do solo. Uma dúzia de seus galhos eram grandes o suficiente para que deles se construíssem barcos.
Debaixo dela havia uma multidão, como num mercado. O mestre-carpinteiro não voltou a cabeça, continuou em frente sem se deter.
Seu aprendiz lançou um longo olhar ao carvalho, depois correu atrás de Shih, o carpinteiro, e disse: “Mestre, desde o dia em que peguei meu machado e o segui, nunca vi madeira tão bela como essa. Mas o senhor nem sequer parou para olha-la. Por quê, mestre?”
Shih, o carpinteiro, respondeu: “Silêncio! Nem mais uma palavra! Aquela árvore é inútil. Um barco feito com sua madeira afundaria, um caixão logo apodreceria, uma ferramenta racharia, uma porta empenaria e uma viga teria cupins.É madeira sem valor e para nada serve. Por isso alcançou idade tão avançada.”
Depois que Shih, o carpinteiro, voltou para casa, o carvalho sagrado apareceu-lhe num sonho e lhe disse: “Com quem me comparas? Comparas-me com árvores úteis? Existem cerejeiras, macieiras, pereiras, laranjeiras,limoeiros,toranjeiras e muitas outras árvores frutíferas. Logo que seus frutos amadurecem, elas são despojadas e maltratadas. Os galhos maiores são cortados, os menores arrancados. Sua vida é mais amarga por causa da sua utilidade. É por isso que elas não vivem seu tempo natural de vida; são cortadas na primavera da vida. Elas atraem a atenção do mundo do comum dos mortais. Assim se passa com elas as coisas. Quanto a mim, há muito tento ser inútil. Quase fui destruída, diversas vezes. Finalmente sou inútil e isso é muito útil para mim.Se eu tivesse sido útil, teria conseguido crescer tanto assim?
“ Além disso, você e eu somos ambos coisas. Como pode julgar outra coisa? O que pode um homem mortal e inútil como você saber sobre uma árvore inútil?” Shih, o carpinteiro, despertou e tentou compreender o sonho.
Seu aprendiz lhe perguntou: “ Se aquela árvore tinha tão grande desejo de ser inútil, por que iria ela servir como altar?”
Shih, o carpinteiro, disse: “ Silêncio! Nem mais uma palavra! Ela está apenas fingindo ser inútil para não ser ferida por aqueles que não sabem que ela é inútil. Se não tivesse se transformado numa árvore sagrada, ela certamente teria sido derrubada.
Ela se protege de uma maneira diferente das coisas ordinárias. Não conseguimos compreende-la se a julgarmos do modo ordinário.”
(...)
(...)
Inutilidade e individualidade
Além de nos ensinar a valorizar nossas doenças, as parábolas de Chang Tse nos dizem que, para desenvolver nosso pleno potencial, precisamos nos tornar inúteis para o mundo. Caso contrário, viveremos vidas amargas e insatisfeitas, maltratados e despojados de partes preciosas da nossa personalidade. A seu modo exagerado,Chung Tse está nos dizendo para vivermos como seres individuais.
Jung também enfatizou a importância de vivermos a singularidade da nossa vida. O elemento-chave no processo de individuação é o desenvolvimento da personalidade própria enquanto a vida na coletividade. Jung sentia uma inquietação específica a respeito da situação crítica do indivíduo na sociedade moderna;pois observou que, no instante em que o individuo se associa a massa, sua singularidade é diminuída e obscurecida. (Como Jonande Jacobi indicou em The Way ---Individuation O Caminho da individuação)
É demasiado grande o número de pessoas que não vivem suas próprias vidas e geralmente quase nada conhecem de sua verdadeira natureza. Elas fazem um esforço violento para “se adaptar”, para não se diferenciar de nenhum modo, para fazer exatamente aquilo que as opiniões, regras, regulamentos e hábitos do ambiente exigem como sendo “ o certo”. Elas são escravas “daquilo que os outros pensam”, “daquilo que os outros fazem”, etc.
(...)
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Trechos do livro ( Ao encontro das sombras)
(.......)
O caminho da alma é sinuoso, descendente e perturbador. A estrada da alma é também o caminho da iniciação à nossa natureza humana. Nosso propósito não é sermos “bons”, ingênuos e inocentes – mas sim sermos reais e conhecermos a nossa escuridão, a via negativa. Iniciação significa conhecer aquilo de que somos capazes, nossos limites, nossas fomes, nossos desejos.
A aquisição desse conhecimento implica, com freqüência, um processo doloroso. Mas somente seremos capazes de responsabilidade e escolha inteligente quando estivermos conscientes desses fatores.
Consideremos a estória do Príncipe e o Dragão. Um casal já idoso, que desejava um filho,consulta uma parteira. Ela os instrui a voltar para casa e, antes de dormir, lançar a água da lavagem dos pratos debaixo da cama . Na manhã seguinte surgiria um ramo com dois botões, um preto e um branco. Eles deveriam colher apenas o botão branco... mas colheram ambos.
Os meses passaram e um dia a parteira é chamada para ajudar o parto dessa mulher.
A primeira coisa que vem ao mundo é um lagarto viscoso; a parteira, com a benção da mãe semiconsciente, atira-o pela janela para que se vire por si mesmo, esquecido e abandonado. Instantes depois, nasce um menino bonito e saudável . ele cresce perfeito, tudo o que ele faz dá certo, e todos o amam, Torna-se tão admirado que é escolhido para casar com a filha do Rei.
Enquanto isso, o Dragão levou uma vida furtiva, espionando seu irmão e seus pais, roubando para comer e se aquecer e ansiando por tudo que não possuía. O Dragão é amargo raivoso e vingativo.
No dia do casamento, o Príncipe parte para o castelo. De repente, sua carruagem é detida pelo enorme Dragão que bloqueia a estrada. O Dragão declara que é o irmão do Príncipe e exige que o Príncipe encontre-lhe uma noiva, caso contrário nunca se casaria com a filha do Rei. Então começa o difícil processo de encontrar uma mulher disposta a viver com um Dragão num ambiente especial. Depois de muitos e muitos anos, ela é encontrada.
O ponto de mutação dessa história é o momento em que o Dragão declara sua identidade, sai da clandestinidade e exige uma noiva que seja capaz de “amá-lo” como ele é. O Dragão não quer mais viver como um criminoso, um paria. Mas ele não propõe mudar sua natureza de Dragão. Pelo contrário, é um prima matéria que se coloca num ambiente especial – um Vas Hermeticus – para ver se ocorre alguma alquimia, para ver se surge a alma. Somente através da revelação de si mesmo e da exigência daquilo que queria é que o Dragão poderia se amado e ocupar um lugar honroso no mundo. E é isso que nos recusamos a fazer, tanto o criminoso quanto nós ( na nossa qualidade de buscarmos bode expiatórios ) nos recusamos a nos revelar a nós mesmos, a sair do nosso esconderijo e reconhecer a “estranha sensação” (o desejo insano) que nos domina. Como disse Gothe, enquanto “Experimentarmos esse processo”, enquanto não nos revelarmos e sairmos do esconderijo, seremos “apenas hóspedes perturbados sobre a terra escura”.
Temos medos de ser pegos, medo se der queimados (pelo óleo), medo do nosso Self Dragão a sair do esconderijo, medo de reivindicar tudo aquilo de que necessita o nosso lado mais feio. Por isso nós, na maioria, fingimos ser totalmente bons. Mas “ ser bom” não basta
Quase todos nós acreditamos em transformação, morte e renascimento; acreditamos na emulsão de Hermes/Mercúrio, mas não queremos nos submeter à morte.
Queremos nos transformar sem sermos transformados – queremos ser remodelados para um “new look” mas sem a agitação nem a descompensação distônica do ego que uma transformação completa acarreta.
A psicologia do desenvolvimento , em especial aquela descrita por Robert Kegan, expõe os estágios através dos quais precisamos evoluir para que nos seja possível amadurecer como seres humanos. De modo geral, permanecemos fixados nos estágios iniciais por que nunca fomos treinados a realizar os sacrifícios necessários apara a série de mortes e renascimentos que compõem o processo alquímico representado pela psicologia do desenvolvimento. O resultado é que nunca aprendemos as lições de cada estágio ou operação.
(...)
Trechos do livro ( Ao encontro das sombras)
Estar “no calor” – ou seja, no cio – também é um estado veemente e impulsivo no qual a pessoa preci8sa possuir a coisa desejada, e de imediato; quando não consegue, ela “enlouquece”. Uma pessoa “no calor” é irracional, imprevisível e obstinada.
Estar “no calor” também implica excitação, eretilidade e inflexibilidade até que o desejo seja satisfeito. Se o criminoso está “no calor”, qual é sua motivação, o que o impulsiona? O criminoso está disposto a se sacrificar por alguma coisa;o que é esse algo? Qual é a sua jóia valiosa que ele parece conhecer, mas pelo qual nenhum de nós sacrificaria coisa alguma? Será o poder, o controle, a riqueza, coisas belas, mulheres chamativas, drogas ? Gregory Bateson sugere que o criminoso busca algo essencial em seu crime. O que é esse algo? O que o criminoso “imagina” que vai conseguir? Com o que ele quer se acasalar, com o que ele quer se envolver, o que ele quer possuir? Seja lá o que for, reze para não se encontrar entre ele e o objetivo do seu desejo!
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Da discreta alegria
Longe do mundo vão, goza o feliz minuto
Que arrebate as horas distraídas,
Maior prazer não é roubar um fruto
Mas sim ir saboreá-lo às escondidas...
Mario Quintana
Do amoroso esquecimento
Eu, agora,- que desfecho!
Já nem penso mais em ti ...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?
Da observação
Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...
Da boa e da má fortuna
É sem razão, e sem merecimento,
Que a gente a sorte mal diz:
Quanto a mim sempre odiei o sofrimento,
Mas nunca soube ser feliz...
Da paz interior
O sossego interior, s queres atingi-lo,
Não deixe coisa alguma incompleta ou adiada.
Não há nada que dê um sono mais tranqüilo
Que uma vingança bem executada...
Mario Quintana
Da eterna procura
Só o desejo inquieto, que não passa,
Faz o encanto da coisa desejada...
E terminamos desdenhando a caça
Pela doida aventura da caçadaMario quintana
Do espetáculo de si mesmo
Conhecer a si mesmo é inútil parece,
Mas sempre diverte um pouco,
Coisa assim como um louco que tivesse
Consciência de que é louco
Mario quintana
Do riso
As setas de ouro de teu riso inflige.
À sombra que te quer amedrontar,
Um canto muros erige:
Um riso os faz desabarMario quintana
Da morte
Um dia...pronto...me acabo.
Pois seja o que tem que ser.
Morrer que me importa?... O diabo
É deixar de viver!
Da maneira de amar os inimigos
Novo inimigo tens? Não te cause pesar
Tão risonho motivo...
O dia em que triunfes, hás de achar
Na cara dele o teu prazer mais vivo.
Da preguiça
Suave Preguiça, que do malquerer
E de tolices mil ao abrigo nos pões...
Por causa tua, quantas más ações
Deixei de cometer...
Mario Quintana
Das penas de amor
É só por teu egoísmo impenitente
Que o sentimento se transforma em dor.
O que julgas, assim penas de amor,
São penas de amor-próprio, simplesmente...
Dos defeitos e das qualidades
Diz o Elefante às Rãs que em torno dele saltam:
“Mas compostura! Ó Céus!Que piruetas incríveis!”
Pois são sempre, nos outros, desprezíveis
As qualidades que nos faltam....
Mario Quintana
Das leis da natureza
Falar contra as mulheres...
Que ingenuidade a tua!
Dize-me, acaso queres
Ironizar as variações da lua?
Dos livros
Não percas nunca, pelo vão saber,
A fonte da sabedoria.
Por mais que estudes, que te adiantaria,
Se a teu amigo tu não sabes ler?
Da arte de ser bom
Sê bom. Mas ao coração
Prudência e cautela ajuntam.
Quem todo de mel se unta,
Os ursos o lamberão.
Mario Quintana
domingo, 6 de novembro de 2011
Da preocupação de escrever
Escrever...Mas por que ? Por vaidade, está visto...
Pura vaidade, escrever!
Pegar da pena... Olhai que graça terá isso,
Se já se sabe tudo o que se vai dizer!...
Das ilusões
Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o,
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alivio!
Mario Quintana
Menina !
Ah! Menina. Porque choras?
Porque a tristeza em seus olhos?
De onde vens e para onde vais, que importa?
Queria tu ser tudo. Achas que não foi?
E se não foi, o que importa?
Ah! menina, deixaste de ser menina para ser tudo, e nada fostes
Nem tudo, nem menina.
Ah! menina, deixa de querer ser tudo e seja menina
Ainda há tempo de ser menina por que nunca deixaste de ser ......
Juliana
Porque a tristeza em seus olhos?
De onde vens e para onde vais, que importa?
Queria tu ser tudo. Achas que não foi?
E se não foi, o que importa?
Ah! menina, deixaste de ser menina para ser tudo, e nada fostes
Nem tudo, nem menina.
Ah! menina, deixa de querer ser tudo e seja menina
Ainda há tempo de ser menina por que nunca deixaste de ser ......
Juliana
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
De Repente
Olho-te espantado:
Tu és uma Estrela do Mar.
Um minério estranho
Não sei ...
No entanto.
O livro que eu lesse,
O livro na mão.
Era sempre o teu seio!
Tu estavas no morno da grama,
Na polpa saborosa do pão....
Mas agora encherem-se de sombra os cântaros
E só o meu cavalo pasta na solidão.
Mario Quintana !
Olho-te espantado:
Tu és uma Estrela do Mar.
Um minério estranho
Não sei ...
No entanto.
O livro que eu lesse,
O livro na mão.
Era sempre o teu seio!
Tu estavas no morno da grama,
Na polpa saborosa do pão....
Mas agora encherem-se de sombra os cântaros
E só o meu cavalo pasta na solidão.
Mario Quintana !
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
“Acorde, garota! Você é linda, inteligente, tem um ótimo perfume e seus olhos brilham mais que um punhado de purpurina. Por que chora? Perdeu em alguma esquina seu encanto?! Ninguém pode tirar de você seu mais belo sorriso, motivo de idas e vindas saltitantes. Coloque sua música favorita para tocar, respire fundo e faça o que de melhor sabe fazer: ser você.”
(Caio Fernando Abreu)
(Caio Fernando Abreu)
Mas sou atrevida por natureza e adepta da frase de Nietzsche: "Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia". Ai, Nietzsche você sempre soube! É isso mesmo. Eu odeio e assino embaixo. E odeio com todas as forças, com todas as letras, em CAPSLOCK, de trás para frente, em inglês ou latim. EU ODEIO. Sou uma ótima companhia para mim mesmo, adoro ficar sozinha, lendo, escrevendo ou fazendo o meu nada. Prefiro me afundar em mim a ter que ouvir gente falando merda ou contando vantagem.
Fernanda Mello
Fernanda Mello
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