A Morte e a Fila
Na fila do fim, o encontrei.
Seu Rosto era algo que me intrigou quando o vi.
Não gerava compaixão em mim, me gerava paz.
Curioso Eu fiquei, e fui-me ao seu encontro.
Meio sem graça, sem jeito e com a voz meio tremula,
perguntei: Quem és? O que fazes aqui?
Pensei logo, que reação Ele terá? E então Ele dirigiu o
olhar a mim como se a nada olhasse e disse: Sou eu, sempre fui eu, e continuo
sendo eu e novamente com olhos vazios abaixou –se e curioso como sou continuei,
mas, e porque estás aqui? O perguntei novamente e Ele olhou-me novamente e
disse: Pagando por meus erros. E abaixou-se como se envergonhado estivesse.
Tocou-me profundamente e continuei, que pecados seriam
esses? Pensei que Ele fosse me distratar por tamanha ousadia, mas Ele
calmamente e com lágrimas disse: Eu amei, amei com toda a força que possuía,
amei todas as pessoas que cruzaram o meu caminho, até aquelas que só de
passagem estavam, eu as acolhi em meu coração, dei-lhes o que era de mais
precioso, Eu me doei por inteiro. Disse Ele em lágrimas. Não foi apenas Meu
colo o meu tempo que Eu doei, dei o Meu coração pronto a servir, sem esperar
nada em troca a não ser o amor, queria ser Amado Querido para alguém.
Fui presente, ausente se necessário. Me fiz chuva em tempos
de sequidão e sol em tempos úmidos para aquecer os corações e secar as águas
deixadas. Me fiz noite, me fiz dia, fiz arco-íris, pintei os céus para alegrar
quem perto estava.
Me fiz em pedaços, me dividi, me fiz só, me fiz multidão, me
fiz pó. Me fiz inteiro, me fiz e refiz muitas vezes. Guardei minha dor para
acolher as dores de outros, esqueci minhas feridas para secar as feridas de
outros
Antes que ele terminasse eu perguntei novamente
e porque estas aqui? e Ele com lágrimas repetiu “Eu amei”. E então abaixou-se
novamente e com lágrimas em seus pequenos olhos continuou seu caminho na fila
do fim, e Eu que o fui buscar não Tive coragem de pegar-lhe a alma já tão
ferida. E Ele tornou-se grande a Meus olhos .
