quinta-feira, 1 de novembro de 2018

No fim destes dias encontrar você que me sorri, que me abre os braços, que me abençoa e passa a mão na minha cara marcada, na minha cabeça confusa, que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu ombro. Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços e você me beija e você me aperta e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem.
Caio F Abreu 

As vezes tudo que queremos e precisamos na vida é alguém que lhe abrase, que lhe acaricie e diga que tudo ficará bem, mesmo que não se saiba uma saída, que não se tenham respostas, quem busca resposta? Ninguém busca de fato respostas pra todos os seu problemas ou soluções mirabolantes, as pessoas buscam apenas alguém pra compartilhar a pergunta, pra dividir o caminho em busca da resposta, mesmo tendo em mente que talvez a resposta nunca chegue, o que vale é a caminhada compartilhada com a pessoa amada.As vezes só o fato de falar, desabafar, e ter olhos atentos e um ouvido a ouvir ja é o bastante, um cafune no cabelo, um peito quente pra recostar, o saber que tem alguém  ali pra te amar independente de qualquer coisa, que ele mais forte que você, que você pode contar, que pode descansar que tudo ficara bem ...Eu acreditava no amor assim, no amor das pessoas, no carinho, a vida tem tornado os meus dias frios e sombrios, talvez solitários, não sinto o acariciar dos meus cabelos, nem o peito onde posso deitar e me acalmar, não tem mais aquele que acolha minhas lagrimas ou que me entenda quando ninguém mais entende, os dias perderam a beleza e a noite a lua já não brilha mais, meus sonhos são invadidos todos os dias e o cavalheiro do meu coração já não está lá. Hoje sinto o peso da meninice e da ingenuidade de achar que o amor me acharia, sinto o meu coração pesar, sinto lágrimas, sindo dor, sinto, sinto muito, sinto meus erros, sinto, apenas sinto ....A vida tem roubado muito de mim .... 




Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso.
A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão.
Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Quem é ela

Ela não mais se vê.
Ela olha, mas não enxerga mais.
As roupas não tem mais a mesma cor, o mesmo cheiro.
Os sapatos. Ah os sapatos! Eles já não parecem leva-lá em lugar algum.
O espelho não reflete quem ela é, nem quem ela um dia foi, ou quis ser um dia.
Menina, sonhadora, inocente, que usa dessa inocência para amar e do amor se fez em vazio e dentro do vazio, se perdeu, se perdeu dentro de si, dentro do mundo. E ao andar pelo mundo parece uma brisa que passa sem muito ser notada, quem me vê neste mundo tão vasto e corrido? Ela pergunta a si mesma, sem obter uma resposta.
Pintei um retrato : ela diz, nele me vi uma mulher, tão linda, parecia bem sucedida, decidida talvez, era lindo meu sorriso, havia flores ao meu redor e uma árvore, não sei bem o nome dela, mas gostei, me vi naquele sorriso largo, encantador, mas na correria da vida e nos tombos dela, o retrato caiu em uma poça, e eu corri, tentei salva-ló, não deu tempo, foi ali que me perdi.
E agora? Disse ela ao tempo, nada posso fazer por ti minha querida: retrucou o tempo.
E ela, a menina que achava ser mulher foi se enchendo de vazios e de esperanças de amores que preencheriam o espaço causado pela falta de si, mas de vazios ela se fez ate sumir no vazio e na insignificância de sua própria existência, e como uma beisa bem de mansinho ela foi sendo levada pela vida até desaparecer de vez sem muito deixar e sem muito levar.



terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

A árvore ... O banco da praça

E sentada ali embaixo da árvore em banco de praça, tudo parecia fazer sentido, tudo era leve, tudo tinha cor, você era a cor dos meus dias, o arco iris dos meus dias cinzentos, era a conversa no fim do dia, o sorriso que eu gostava de ter, a presença esperada. o ouvido que me ouvia com olhos atentos a cada palavra ou gesto meu, era a pessoa que eu esperava pra contar meus dias e se não o pudesse ver, lá ia grandes Emails e a espera dos teus, a minha presença bastava a ti e tua bastava a mim, não via meus defeitos nem eu os teus, eramos perfeitos um pro outro, só existia elogios. Teus beijos era o que esperava enquanto via teus olhos fitar os meus. e enquanto os beijos não aconteciam ficavam os sonhos e as palavras escritas em textos a ti, tu eras o Céu que a Lua queria repousar em segurança, o colo de Anjo que eu queria estar, o Andante dos meus sonhos, o Amado. E toda vez que chegava a hora da partida queríamos voltar no tempo, para termos mais tempo pra passarmos mais horas a conversar, era tantas as palavras e tanta vontade de estar junto, me perguntava como eu posso amar tanto alguém assim, e a resposta era porque ele é teu amigo, ou seja, o amigo se torna indispensável, porque tudo queremos dividir com o amigo. Quando via o ônibus partir, pensava quando ele vai ficar.
E você ficou ....................................................................................................
E o tempo passou.............................................................................................
E então hoje gostaria de sentir a mesma sensação sentada em baixo da árvore em banco de praça, porque hoje não há conversa, e os beijos tão esperados antes, continuam apenas nos sonhos. É como se Emails, conversas, sonhos, olhos, beijos, céu, lua, amado, andante, anjo, cores, fossem só palavras que foram juntadas para um texto e que foi tudo imaginação de uma mente fantasiosa e apaixonada que esperava um principe de cavalo branco procurando uma princesa, porque hoje tudo é tão frio, cinza e distante, só existe distâncias, ausências, faltas, falhas. e a lembrança daquele banco de  praça tem se apagado como folha que são levadas pela chuva


  Pensamentos ! Então Elias saiu de lá e encontrou Eliseu, filho de Safate. Ele estava arando com doze parelhas de bois e conduzindo a décim...