quarta-feira, 10 de julho de 2013

Pensamentos




Pensamentos em um ônibus O resto é algo que não foi dito, mas está subentendido !O resto! Escutei muito sobre o resto, várias visões e linhas de pensamentos .Mas, de olhos fechados em uma viagem chata de ônibus há muito o que se pensar, e eu vim pensando, em como o resto se refere a nós?De todas as linhas que ouvi, uma coisa me intrigou, uma coisa que não foi dita, mas martelou em minha cabeça, e se o resto mora dentro de mim? E se ele é parte de mim, a parte que desconheço ou que escondo? Como diz Jung, a Sombra.Nos preocupamos em agradar um e outro, oscilamos de pensamentos de opiniões, tudo para agradar, para se fazer aceito, pela família, amigos, sociedade, por nós mesmo.E o que somos, vira resto, fica oculto, vira a sombra a ser escondida, temos vergonha e acima de tudo, temos medo de encontrar-se com esse resto, que na verdade é o que somos, o nosso Eu está nessa sombra, nesse resto, oculto pelo medo que a sociedade nos impõe, pelo medo de parecer diferente, de mostrar que se é diferente, acaba-se por fazer-se igual, pelo medo de não ser aceito. Medo esse que leva muitas pessoas a se esconderem dentro de si, a viverem vidas vazias, vidas sem qualquer objetivo, por medo de não saber quem se é, e o que pode esta dentro de si . Cria-se então uma  “subpersonalidade” comparável a uma “personagem” de uma peça de teatro, autónoma, independente do encenador e dotada da sua própria personalidade.
E vive-se assim encenando o tempo todo, como marionetes, como atores, encenamos nosso papel na vida, no palco, usamos marcaras para ocultarmos. Essa encenação diária tem mudado o estilo de vida das pessoas, tem as tornado vazias, angustiadas, sem tempo, e altamente depressivas e por isso tantas pessoas tem se tornado um risco pra sociedade e por que não dizer para si mesma.Nos séculos passados e mesmo no inicio do nosso século, a vida era diferente, as pessoas eram diferentes, vivia-se diferente. Não havia a preocupação com o tempo, com a vida, apenas se vivia e davam graças por ela, pela vida, o alimento era feito na lenha, em alguns lugares se caçava pra comer, dormia-se cedo e acordava com o raiar do dia, havia vizinhos todos se conheciam, se cumprimentavam, tinha conversa no fim da tarde, gente na janela, crianças a brincar nas ruas, bolas, pipas, brinquedos existiam pessoas e contato pessoal, existiam amigos, conversavam a porta de casa até altas horas de coisas bobas, a mãe gritava “menino bora pra casa”, sair só aos domingos, almoçar na casa da avó da tia, reunir a família em volta da mesa  e assim conhecer aqueles primos vindo de longe com sotaque engraçado, e a vida seguia em simplicidade e alegria, não é que não houvesse questões a serem descobertas, foi a época em que mais se descobriram coisas, por que não havia pressa, queriam aprender, descobrir, inventar coisas novas, criar, era a época da criação, queriam deixar um marco na história, um legado, coisas a serem lembradas, é isso vem desde os tempos primitivos onde se escrevia em pedras, e por incrível  e absurdo que pareça, a criação da roda, foi um dos maiores marcos a serem lembrados, já que dela criou-se tudo. E tinham  muitos filhos, para que seus nomes fossem lembrados através de seus filhos, que seu legado fosse passado de geração em geração.E viviam de uma forma mais satisfatória, como se tudo fosse perfeito, e se as dificuldades que haviam eram meros obstáculos a serem enfrentados e o seu enfrentamento é que deixaria o marco na história. Isso preenchia a vida a tornava digna, longa e satisfatória, uma vida cheia .Foi se então descobrindo e modificando as coisas, e chegou então a era do fast food , a era do tudo pronto e rápido, da internet, tudo digital.O almoço em família, passa a não existir, já que tudo é fast food, lanches rápidos, e já não há mais família, esse família, com pai, mãe, irmãos, avós, já não existe mais. O exemplo familiar  morreu e com ele alguns valores também.A era digital, trouxe um afastamento social, a rapidez e a pressa para vida, todos vivem como se tudo fosse um lanche feito em dois minutos, como se a vida pudesse esvair-se das mãos, vazar pelos dedos, como água que não se pode segurar, tudo nos dias de hoje precisa e é muito rápido, hoje relacionamento sério nas páginas sociais, amanhã solteiro, parecem que quererem vive hoje como se fossem morrer hoje, e se se vai a uma festa, precisam beber até  ficarem em completo extasse, como se fosse a ultima festa a participarem, a vida perdeu o sentido, viver se tornou uma coisa obscura e porque não dizer monótona, a pressa de chegar-se longe, de correr, porém sem o um sentido, querem chegar onde? Correr porque? Onde pretendem ir? Se a vida perdeu o sentido, o motivo, então a pressa se tornou a maior inimiga de nossa sociedade.Muitos filhos, mesa cheia, amigos, descobertas, conversas legado, marcar a história, nada disso faz hoje sentido algum, já que nada dessas coisas existem mais em uma sociedade altamente tecnológica.  E a tecnologia promoveu uma facilidade que antes não existia, uma aproximação de pessoas, porém ela é superficial, virtual.Os jovens em maioria  vivem em famílias cujo modelo é diferente das décadas passadas, e em maioria os pais tentam a todo custo poupar as crianças e os jovens da perda ou falta de algo, mas a perda de algo é que da impulso a construção de algo novo, se você tira essa perda, você tira o homem do devir, do tempo, e do vir a ser, e ele se isola.E é isso que tem acontecido, não só com os jovens, mas com todos, o medo da perda, fez com que evitássemos qualquer tipo de perda ou sofrimento, sendo ele tão importante para o crescimento do ser, para o crescimento da personalidade e o firmamento de ideias e opiniões.Nietzsche dizia, que a cultura ocidental é exatamente o afastamento do homem do jogo de forças. Isso hoje seria o afastamento da perda, a falta de luta, e sem luta não há vida.
A facilidade e praticidade deixaram a vida sem lutas, o que antes era normal a uma criança fazer, como ter amigos, sair, brincar, hoje não mais existe, já que suas amizades são virtuais, e passeios e almoços com família também não mais existem. A vida em sociedade em grupos, deram lugar a salas de bates papos e páginas sócias, uma vida altamente fantasiosa e virtual, ou seja a tecnologia que deveria ser uma ferramenta de utilidade se transformou na inimiga da convivência social. E se eu não me comunico, não vejo o mundo como ele é , e vejo tudo através de uma tela, e tenho todas as facilidades que a falta da perda me proporciona, o que faço eu da vida? Quem sou eu? Entramos então novamente no “resto”, aquele “ eu “escondido que acostumou a ser igual a ser manipulado e não sabe quem se é. Entra então em profundo desespero, que é o desespero vivido hoje pela maioria da população. Soren Kierkegaard diz, que todo o desespero, é um desespero de sermos nós mesmos, e a desesperança é um produto final de conflitos não resolvidos, tento suas raízes mais fundas no desespero de jamais se conseguir ser sincero e indiviso.Ou seja há um desespero, uma procura por se encontrar, mas poucos se encontram e ficam apenas em total desespero por medo ou pela falta da busca ou pelo encontro com a sombra que como diz Jung, é pura energia que precisa ser canalizada entendida aceita, ou seja uma boa convivência com ela.O individualismo também muito pregado hoje tem feito as pessoas solitárias e antissociáveis. Não há possibilidade de individuo sem o outro,Feud. O ser precisa do outro.Vivemos hoje no século da depressão das doenças psicossomáticas, por tudo isso pela falta do encontro, falta da perda, falta do conhecimento de si, da aceitação de quem se é, falta de confronto, falta de luta, de ideias, de conceitos, somos ricos em conhecimentos tecnológicos, porém pobres do conhecimento de siJung. Só aquilo que somos realmente tem o poder de curar-nos .Precisamos saber quem somos, transformar o resto em Todo só assim poderemos sair dessa depressão vivida no século de hojeKaren Horley. Tranquilizantes podem diminuir a agitação psíquica, mas não produzem a tranquilidade existencial. As técnicas psicoterapeutas podem expor as causas das nossas mazelas, mas só nós podemos mudar a nossa vida.Transforme o Resto em Todo. Coloque pra fora o que se é. Deixe de ter medo das perdas, cresça, lute, a luta é vida.
Não nascemos pronto.


Juliana

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