domingo, 14 de agosto de 2011

trecho do livro Ortodoxia



As fadas madrinhas parecem no mínimo tão rigorosas quanto as outras madrinha. A Cinderela recebeu uma carruagem proveniente do País das maravilhas e um cocheiro que saiu do nada, mas ela recebeu uma ordem 
- que poderia ter sido expedida do subúrbio de Brixton- que deveria estar de volta ás doze horas. Além disso, tinha sapatos de vidro; e não pode ser coincidência que o vidro seja uma substância tão comum no folclore. Esta princesa mora num castelo de vidro, aquela numa colina de vidro; esta aqui enxerga tudo num espelho; elas todas podem morar em casa de vidro, se não atirarem pedras. Pois esta tênue cintilação de vidro em toda a parte é a expressão do fato que  felicidade brilha; mas é frágil, como a substância mas facilmente quebrada por uma doméstica ou um gato.
Esse sentimento dos cosmos de fada também calou fundo em mim e tornou-se um sentimento em relação ao mundo inteiro.Eu sentia e sinto que a vida em si brilha como um diamante, mas é frágil como uma vidraça; e quando os céus eram comparados ao terrível cristal, eu ainda posso lembrar-me do calafrio. Tinha medo de que Deus deixasse o cosmo cair e ele se espatifasse................ (...)


........(..) Mas talvez Deus seja forte o suficiente para exultar na monotonia.É possível que Deus todas as manhãs diga ao sol: " Vamos de novo"; e todas as noites a lua : " Vamos de novo'. Talvez não seja uma necessidade automática que torna todas as margaridas iguais; pode ser que Deus crie todas as margaridas separadamente, mas nunca se cansa de criá-las. Pode ser que ele tenha um eterno apetite de criança; pois nós pecamos e ficamos velhos , e nosso pai é mais jovem do que nós. A repetição da natureza pode não ser mera recorrência; pode ser um bis teatral. O céu talvez peça bis ao passarinho que botou um ovo. (..)

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